Quando levou a fatídica facada, Jair Bolsonaro
vestia uma camiseta verde-amarela com o dizer "Meu partido é o
Brasil". Seus filhos, centrais na política do governo, também a envergam.
Nas manifestações de 2013, que abriram caminho para a emergência da nova
direita, cuja maior expressão é o bolsonarismo, manifestantes ostentavam faixas
com o lema "Meu partido é meu país". O sentimento antipartidário
marca estes tempos, assim como a emergência da extrema direita, aqui e alhures.
O PSL, agremiação que abandona, é apenas a sexta por que
passou. Começou no PDC, que por fusão resultou no PPR (novo nome do PDS,
sucessor da Arena) e, mediante nova mescla, virou PPB. Logo, tratava-se de uma
só organização. Dali foi para o PTB, depois para o PFL (atual DEM, dissidência
do PDS), voltou ao PP (novo nome do PPB), saiu para o PSC e, após um biênio,
ingressou no PSL - não sem antes flertar com o Partido Ecológico Nacional, ao
qual convenceu abandonar o ecologismo para virar Patriota. Porém, numa metáfora
ao gosto do presidente, largou-o no altar, conquistando a Presidência pelo
partido de que agora se despede.
Quer criar mais
um partido em país tão pródigo neles. Ameaça levar consigo ao menos 30 dos
pouco mais de 50 deputados que ajudou a eleger, além das possíveis adesões ao
magnetismo governista. Os partidos, porém, importam pouco para Bolsonaro. Sua
política é a da família - sua verdadeira agremiação. Deve, porém, seguir sem os
polpudos fundos partidário e eleitoral que ajudou a inflar. E sem os votos de
que precisa num Congresso sem coalizão governista.
(Por Cláudio Gonçalves Couto)
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