Diário, por esses dias apresentei o projeto de lei de um negócio
chamado “Educação Domiciliar”. Com ele, as famílias vão poder ensinar seus
filhos em casa. Por exemplo, se você não acredita naquela história que o homem
veio do macaco, você ensina para o seu filho que foi Deus quem fez tudo e
pronto. É uma história muito mais bonita, né? Estudar em casa dá para
aproveitar melhor a tecnologia. Agora, com a internet, dá para ter acesso a
tudo que é tipo de informação. Eu, por exemplo,
nunca aprendi o que era “golden shower” na escola. Mas agora sei. O
pessoal de ensino à distância vai adorar esse negócio!
Outra coisa boa é que o estado deixa de ter obrigação de dar
educação para todo mundo. Se o cara vier reclamar que não tem escola perto da
casa dele, a gente vai poder responder: “Então ensina em casa, pô!”. Quem mora
num condomínio fechado, por exemplo, pode ensinar seu filho lá. A criança não
precisa mais sair na chuva, correr risco no trânsito e chegar na escola para
sofrer bulim. Cada um por si e Deus por todos! Além disso, todo professor é
comunista. É melhor aprender em casa com um parente mesmo. Tia maluca e cunhado
bêbado nunca são comunistas.
Já pensou que beleza, Diário, eu dando aula de Educação Moral e
Cívica? Ia ensinar direitinho que o que foi o golpe de 64. O Marcelo Álvaro,
ministro do Turismo, seria um ótimo professor de matemática (“Eu tinha vinte
laranjas, cada uma recebeu quarenta mil do fundo partidário, com quanto eu
fico?”). O Ernesto Araújo seria bom para ensinar história, porque ele que me
ensinou que o nazismo foi de esquerda. A Teresa Cristina e a Damares podiam dar
aula de biologia, porque entendem de mangas e goiabas. E o Moro e sua conge
seriam muito bons dando aulas de português. Viu que maravilha?! Ah, Diarinho, melhor que a “escola sem
partido”, só a “escola sem aluno”, kkkkk!
(por José Roberto Torero)
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