
Zuleide Oliveira, 41, que
concorreu ao cargo de deputada estadual nas eleições de 2018, afirma que o
atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, a chamou pessoalmente para
ser uma candidata laranja. O motivo? Para que ela devolvesse ao partido parte
do dinheiro público do fundo eleitoral. “O ministro disse pra mim assim: ‘Então a gente vai fazer o
seguinte: você assina a documentação, que essa documentação é pra vir o fundo
partidário pra você. Para o repasse ser feito, você tem que assinar essa documentação.
E eu repasso a você R$ 60 mil, e você tem que repassar pra gente R$ 45 mil.
Você vai ficar com R$ 15 mil para sua campanha. E o material é tudo por nossa
conta, é R$ 80 mil em materiais'”. Ela afirma não saber se algum dinheiro foi depositado porque o
controle das contas bancárias ficou, segundo ela, com os dirigentes do partido.
Zuleide fez uma denúncia ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais em 19
de setembro, mas obteve apenas uma resposta protocolar da Justiça Eleitoral. Ela
foi a primeira a implicar diretamente o atual ministro no esquema de desvio de
dinheiro público por meio de candidaturas de laranjas do PSL, partido do
presidente Jair Bolsonaro. Por motivo semelhante, embora com conotações mais
pessoais e envolvimento do filho do presidente, Carlos Bolsonaro, o ministro
Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, então presidente do
partido durante as eleições, teria caído exatamente por causa das candidatas
laranjas.

O atual ministro prometeu que Zuleide ganharia uma vaga na Funai ou
na secretaria de Saúde da região. Ela mora em Santa Rita de Caldas, a cerca de
50 km de Poços de Caldas, no sul do estado. Zuleide teve o pedido de registro
de candidatura indeferido pela Justiça Eleitoral devido a uma condenação em
2016, transitada em julgado, por uma briga com outra mulher. Ela enviou a
sentença ao PSL de Minas por e-mail no final de agosto. “Eles já sabiam que não ia
dar em nada. Hoje eu sei que eles sabiam que não iam aparecer meus votos, que
eu não ia conseguir concorrer às eleições porque eu estava com os direitos
políticos suspensos. Eles sabiam de tudo isso. Ele quis falar para mim que a
condenação não seria problema pra mim poder preencher a chapa”
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