Nas 82 páginas de seu depoimento de delação premiada na Lava Jato, o
ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho cita os
nomes de 51 políticos de 11 partidos. Ele era o responsável pelo relacionamento
da empresa com o Congresso Nacional e trabalhava na Odebrecht há 27 anos, sendo
12 deles em Brasília. Cláudio era homem de confiança de Marcelo Odebrecht,
ex-presidente da empreiteira que está preso em Curitiba. No acordo de delação
premiada com a Lava Jato, Cláudio diz que dava prioridade para as relações com
políticos de grande influência no Congresso. Também identificava aqueles que
chamava de “promissores”: políticos em ascensão e que, no futuro, poderiam
defender os interesses da Odebrecht. Em março, Cláudio Melo Filho foi levado
pela Polícia Federal para prestar depoimento na 26ª fase da Lava Jato, batizada
de operação Xepa, que descobriu o setor exclusivo para pagamento de propinas
que funcionava na Odebrecht. Em maio, o ex-diretor foi denunciado pelo
Ministério Público Federal na operação Vitória de Pirro, acusado de oferecer R$
5 milhões ao ex-senador Gim Argello para blindar executivos da Odebrecht na CPI
da Petrobras. Porém, o juiz Sérgio Moro avaliou que as evidências eram frágeis
e não aceitou a denúncia. O delator está em liberdade. Cláudio Melo Filho
também foi citado na operação Acrônimo, que investiga um esquema de lavagem de
dinheiro em campanhas eleitorais. O acordo de delação que Cláudio Melo Filho
está negociando com os investigadores da Lava Jato envolve a cúpula do PMDB em
um esquema de repasse de propina em troca de apoio a projetos de lei de
interesse da Odebrecht. Segundo o delator, o “núcleo dominante” no Senado era
formado por Romero Jucá (RR), pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) e
por Eunício Oliveira (CE). Na Câmara, Cláudio afirmou que concentravam as
arrecadações Eliseu Padilha, Moreira Franco e Michel Temer.
(globo.com)