O número de denúncias de intolerância religiosa aumentou 3.706%
nos últimos cinco anos, segundo relatório da Secretaria de Direitos Humanos,
vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania. O dado mostra a
relevância da abordagem do tema "O combate à intolerância religiosa no
Brasil" na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016. O Disque
100, principal canal da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, passou a
receber registro desse tipo de violência em 2011, quando houve apenas 15 denúncias.
Em 2015, foram denunciados 556 casos. Para especialistas, o aumento do número é
consequência do esclarecimento de que esse conflito é crime. A antropóloga
Christina Vital, do departamento de Sociologia da Universidade Federal
Fluminense (UFF), avalia que o Brasil começou a viver, a partir dos anos 1990,
um incômodo cultural. Segundo ela, o aumento do número de igrejas e fiéis
pentecostais, principalmente na periferia e nas favelas, revelou a acomodação
social em que vivia a Igreja Católica, que ao longo da história promoveu a
intolerância entre religiões. "Agora estamos percebendo a importância de
as novas gerações estarem atentas à intolerância religiosa." A antropóloga
lembrou o aumento de ações dos governos e dos movimentos sociais em aumentar os
canais de comunicação, publicidade e campanhas de conscientização do que é o
crime de intolerância religiosa. A especialista ressaltou que a maior
incidência desses crimes é contra as religiões africanas. O dado está em linha
com o relatório da Secretaria de Direitos Humanos, que aponta ser crescente o
número de casos de terreiros invadidos e queimados.
(Bol)