Picos de agressividade, bruscas alterações de humor, desinteresse
sexual, desânimo para atividades de lazer, apatia diante de tarefas domésticas,
desleixo e baixa autoestima. Todos essas situações, comuns no dia a dia dos
pacientes com depressão, podem interferir diretamente na vida conjugal,
desgastando a relação. Mas o apoio do parceiro é, justamente, um dos pilares fundamentais para a
adesão do paciente ao tratamento. Só no ano passado, mais de 11 milhões
de pessoas foram diagnosticadas com depressão no Brasil, segundo dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E, embora a doença
afete grande parte da população, ainda hoje está envolta em desconhecimento e
preconceito, dificultando a discussão sobre o tema e, consequentemente, a busca
por ajuda. Por isso, é papel do parceiro encorajar seu companheiro a falar
abertamente sobre o assunto, fortalecendo os laços de confiança entre eles.
Como ajudar?
Uma vez identificado o problema, o cônjuge poderá exercer um papel
fundamental para o sucesso do tratamento, atuando como um forte elo entre o
médico e o paciente. “Sem dúvida, a luta contra a desistência do tratamento é
muito mais leve quando o companheiro do paciente trabalha em conjunto com o
médico, especialmente nos casos graves de depressão”, ressalta Rennó Jr. O
cônjuge pode, por exemplo, responsabilizar-se pela medicação, caso prescrita
pelo médico, lembrando ao paciente sobre os horários das tomadas. Ou, ainda,
poderá assumir temporariamente algumas das tarefas domésticas do companheiro,
como ir ao supermercado, entendendo que fadiga excessiva e apatia também podem
ser sintomas da doença. É possível, em outra frente, oferecer companhia para as
sessões de psicoterapia, caso o cônjuge concorde, bem como estimular que ele se
alimente bem, exercite-se e estabeleça um bom padrão de sono. A irritabilidade,
outro sintoma comumente associado aos quadros depressivos, é mais um componente
que pode interferir diretamente na vida conjugal, alimentando discussões e
desgastando a relação. “Na verdade, são vários os sintomas que podem atrapalhar
um casal nos casos de depressão. Muitas vezes o cônjuge se vê tomado pela
impaciência diante de alguém que está apático, irritado e sempre triste, alguém
que tende a valorizar demais as casualidades negativas e que pode até mesmo se
tornar uma pessoa controladora, com medo de que o familiar se afaste”,
complementa o psiquiatra.
Perda de libido e vida sexual
Se por um lado a depressão pode levar ao desinteresse pelo sexo, de
outro muitos pacientes temem que os próprios medicamentos utilizados no
tratamento tenham impactos negativos sobre a libido. Somam-se a essa
preocupação as questões estéticas, como as variações bruscas de peso, que
muitas vezes também estão relacionadas à depressão, o que também pode ter
impacto direto sobre a autoestima e a vida sexual do casal. “As pessoas chegam
ao consultório com uma ideia distorcida sobre os efeitos colaterais dos
antidepressivos, que atuam de forma diferente em cada um dos pacientes. Hoje,
há medicações que já não exercem impacto significativo sobre o peso do paciente
nem sobre o desejo sexual”, esclarece Rennó Jr., lembrando que outros fatores,
físicos e psicológicos, podem interferir na libido, como alterações hormonais,
algumas doenças e a qualidade da relação conjugal e da vida sexual no período
anterior à depressão. A evolução no entendimento da depressão e o conhecimento
cada vez mais aprofundado dos fatores relacionados à doença têm possibilitado o
desenvolvimento de tratamentos cada vez mais modernos, eficazes e seguros, como
os antidepressivos de terceira geração. Com ação dual, esses medicamentos
conseguem equilibrar a disponibilidade de dois neurotransmissores importantes e
diretamente relacionados aos quadros depressivos: a noradrenalina e a
serotonina. Esse é o caso de Pristiq (desvenlafaxina), da Pfizer, que preserva
a libido do paciente e favorece o resgate da funcionalidade, restaurando sua
capacidade plena de atuação e ampliando, assim, sua qualidade de vida.