04 junho 2016

"Chikungunya vai ser surpresa maior que zika", diz pesquisador

O pesquisador Carlos Brito, primeiro a levantar a hipótese de relação entre zika e microcefalia em Pernambuco, continua preocupado.  Apesar da chegada do inverno, quando diminuem os ataques do mosquito Aedes aegypti - transmissor de dengue, zika e chikungunya -, ele aposta que as doenças continuarão sendo a principal fonte de problemas para o governo do presidente interino Michel Temer. E o impacto maior pode vir de onde menos se espera. Segundo Brito, cientista da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e membro do Comitê Técnico de Aboviroses do Ministério da Saúde, onde atua como consultor, a dispersão da febre chikungunya pelo Nordeste tem deixado um rastro de adultos e idosos com dores crônicas graves que sobrecarrega os serviços de saúde, já impossibilitados de atender a demanda normal. "O grande desafio para o governo serão essas grandes epidemias. Ainda não sabemos a dimensão do que vai acontecer com a epidemia de zika em outras regiões do país", disse à BBC Brasil. "Mas a chikungunya vai trazer mais surpresas do que a própria zika e a dengue. Como pesquisador, tenho ficado impressionado com seus efeitos." Enquanto a dengue é capaz de atingir cerca de 5 a 10% de uma população, a chamada "taxa de ataque" da chikungunya pode chegar a 50%, avalia Brito. A zika, cujo percentual de atingidos ainda é desconhecido, deve ficar entre as duas, ele estima.
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