A equipe ministerial anunciada pelo presidente em exercício, Michel
Temer, não foi bem recebida por ativistas de causas sociais e defesa das
minorias. Entre os 23 nomes confirmados para o primeiro escalão do
peemedebista, não há nenhuma mulher ou negro. “É quase inacreditável que
tenhamos retrocedido quase três décadas. Foram duas grandes perdas: o fato de
não termos nenhuma ministra e o desaparecimento da Secretaria das Mulheres, que
foi incorporada pelo Ministério da Justiça”, critica a escritora e presidente
da entidade Rio Como Vamos, Rosiska Darcy de Oliveira. Desde que a primeira
mulher assumiu o comando de uma pasta do primeiro escalão, a ministra da
Educação Esther de Figueiredo Ferraz, do governo de João Figueiredo
(1979-1985), todos os presidentes sempre tiveram colaboração feminina em algum
momento. Sarney contou com apenas uma ministra; Collor e Itamar, duas, cada um;
já Fernando Henrique Cardoso, ao longo de seus dois mandatos, teve quatro
ministras; Lula, também em oito anos, reuniu dez mulheres na equipe. Já Dilma
Rousseff, quando assumiu seu primeiro mandato, empossou outras dez mulheres.
Sem contar ministras interinas, 14 mulheres ocuparam os gabinetes da
administração de Dilma. Para Rosiska, uma feminista histórica que passou
a integrar a Academia Brasileira de Letras em 2013, a Secretaria de Políticas
para as Mulheres, criada em 2003, era uma conquista importante para a
proposição de novas políticas, além de um instrumento para garantir o
cumprimento de leis que protegem mais da metade da população brasileira. Lúcia
Xavier, da Articulação de Mulheres Negras Brasileiras, endossa as críticas à
extinção do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial, Juventude e Direitos
Humanos. A ativista explica que a proposição de políticas para populações
historicamente oprimidas vai além da garantia de justiça, envolvendo também
áreas como educação, saúde e economia.
(O Globo)