Quase metade dos pretendentes à adoção
no país hoje aceita adotar crianças negras; 75% também não fazem restrições às
pardas. Os dados da Corregedoria Nacional de Justiça obtidos pelo G1 mostram uma mudança importante no
perfil. Em 2010, menos de um terço dos pais à busca de uma criança no Cadastro
Nacional de Adoção deixava aberta a possibilidade de uma adoção de meninas e
meninos negros; no caso das crianças pardas, o índice não chegava a 60%.
A corregedora nacional de Justiça,
ministra Nancy Andrighi, credita a mudança ao trabalho feito nas Varas da
Infância e da Juventude e nos grupos de apoio à adoção. "Os cursos de
preparação para adoção realizados pelas equipes multidisciplinares das Varas
conseguem mostrar aos pretendentes a realidade das crianças que estão aptas a
serem adotadas, fazendo com que abdiquem de idealizações pré-concebidas,
notadamente as crianças brancas e com menos de três anos", afirma. Segundo
ela, o trabalho de esclarecimento e divulgação feito pelos grupos de apoio à
adoção também é determinante. Apesar da indiferença à cor da pele por parte dos
pretendentes ter aumentado, o número de adoções de crianças brancas ainda é
muito maior proporcionalmente. Atualmente, 65% das crianças nos abrigos são
negras ou pardas. Em 2016, no entanto, do total de 252 adoções concretizadas,
119 – ou seja, menos da metade – envolveram crianças negras e pardas.
(globo.com)