As primeiras horas do presidente interino Michel Temer (PMDB) à
frente do governo indicam, segundo cientistas políticos
ouvidos, suas prioridades são fortalecer a economia do país e garantir
o apoio da maioria dos parlamentares no Congresso, o que permitiria aprovar
medidas como a reforma da Previdência. Também refletem um governo menos plural
e mais conservador do que o da presidente afastada Dilma Rousseff (PT). "Temer
concentrou suas atenções na área econômica e na articulação política",
comenta Antonio Testa, professor da UnB (Universidade de Brasília), a respeito
do ministério montado. Em sua opinião, o presidente interino foi inteligente ao
delegar a condução da economia a Henrique Meirelles (ministro da Fazenda),
"técnico reconhecido internacionalmente". Para o docente, Temer terá,
inicialmente, mais dificuldades para assegurar maioria na Câmara dos Deputados
do que no Senado, mas conseguirá apoio suficiente nas duas casas para aprovar
"projetos estruturantes". Alguns
setores [dos partidos que o apoiam] ficaram insatisfeitos. Mais à frente ele
[Temer] vai ter de fazer algum remanejamento no ministério", diz o
pesquisador. "É difícil montar uma composição que agrade à maioria. Pode
ter alguma insatisfação, mas não significa que não vai ter maioria [no
Congresso]."
(Bol)