O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo
Tribunal Federal (STF), pedidos para investigar o senador Aécio Neves
(PSDB-MG), o deputado Marco Maia (PT-RS) e o ministro Vital do Rêgo, do
Tribunal de Contas da União. Janot determina que Aécio seja ouvido sobre o caso
em 90 dias. Outros nomes, como o ex-diretor de Engenharia da estatal Dimas
Toledo, também terão de prestar depoimento sobre o caso. A medida foi tomada
com base na delação do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), preso em novembro
de 2015 por tramar contra a Operação Lava Jato. Em fevereiro deste ano, o
ex-líder do governo no Senado fez delação e foi solto. Em sua delação, o
senador afirmou que Aécio Neves atuou para maquiar dados do Banco Rural na CPI
dos Correios. Presidida por Delcídio em 2005, a comissão investigou o mensalão,
esquema que utilizava as empresas do empresário Marcos Valério para lavagem de
dinheiro. Além disso, o delator também disse ter ouvido que o tucano mantém
conta no paraíso fiscal de Liechtenstein. O delator admitiu ter "segurado
a barra" para que não viesse à tona a movimentação financeira das empresas
de Marcos Valério no Banco Rural que "atingiriam em cheio" o atual
presidente do PSDB e seus aliados, como o deputado federal Carlos Sampaio
(PSDB-SP). Segundo Delcídio o tema foi tratado na sede do governo mineiro, por
volta de 2005 e 2006, quando Aécio governava o Estado e ainda lhe teria
oferecido o avião do governo de Minas para ir ao Rio, o que foi aceito pelo
senador. Delcídio Amaral afirmou, também em relação a Aécio, que "sem
dúvida" o presidente nacional do PSDB recebeu propina em um esquema de
corrupção na estatal de energia Furnas que, segundo o delator, era semelhante
ao da Petrobrás, envolvendo inclusive as mesmas empreiteiras.
(IG)