Ministros do Supremo Tribunal Federal, tidos como simpáticos à
gestão da presidente Dilma Rousseff, têm começado a questionar a petista em
conversas de bastidores. Até o fim do ano passado, o STF parecia ao Planalto um
palco mais amistoso do que o Congresso, mas o panorama mudou nos últimos dias
com o agravamento da crise. O abandono do governo dentro da Corte
vai além da perspectiva sobre o impeachment. Integrantes do Tribunal dizem,
reservadamente, ver indicativos claros de que há indícios para investigar a
presidente por tentativa de obstrução da Justiça em razão da indicação do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a chefia da Casa Civil. O sinal
foi dado, na avaliação de um ministro, na decisão do plenário desta semana, que
manteve no Supremo os grampos de Lula. "Para afirmar o que a maioria do
Tribunal afirmou, é preciso reconhecer que há indícios de infração penal (por
parte de Dilma)", diz um ministro que participou do julgamento. Na
avaliação dele, o caso só foi mantido na Corte porque há suspeita de
irregularidades cometidas pela presidente, que tem prerrogativa de foro. Do
contrário, o caso poderia ser conduzido na primeira instância pelo juiz Sérgio
Moro.
(Estadão)