As consequências da epidemia de microcefalia, que atinge pelo menos 20
Estados brasileiros, além do Distrito Federal, vão além do cotidiano de mães,
hospitais e clínicas de saúde de família, e chegam também aos tribunais. À BBC
Brasil, o juiz goiano Jesseir Coelho de Alcântara, que autorizou uma série de
abortos legais em casos de anencefalia (mal que impede o desenvolvimento
cerebral do feto) e outras doenças raras, disse que a interrupção da gravidez
em casos de microcefalia com previsão médica de morte do bebê é
"válida" e precisa ser avaliada "caso a caso". "Se houver
pedido por alguma gestante nesse caso de gravidez com microcefalia e zika, com
comprovação médica de que esse bebê não vai nascer com vida, aí sim a gente
autoriza o aborto", afirma o titular da 1ª Vara dos Crimes Dolosos Contra
a Vida de Goiânia, que já permitiu interrupção de gestações em casos de
síndromes de Edwards e de Body-Stalk, anomalias que inviabilizariam a sobrevida
do bebê fora do útero. A afirmação foi feita no momento em que Pernambuco,
principal epicentro da doença no Brasil, registra aumento nas mortes de bebês
com microcefalia associada ao zika vírus.
(IG)