Editada pelo governo federal na última
sexta-feira (18) com a justificativa de evitar demissões, a medida provisória
que implementa novas regras para os acordos de leniência gerou duras críticas
de especialistas no assunto. Juristas ouvidos pelo G1 afirmam que a MP, publicada no "Diário Oficial da
União" nesta segunda (21), "acoberta" empresas corruptas por
permitir que as companhias, mesmo sob sanções, possam assinar novos contratos
com o poder público. Acordo de leniência é aquele em que uma empresa
envolvida em algum tipo de ilegalidade, em troca de redução da pena ou até
mesmo da eliminação das multas, denuncia o esquema e se compromete a auxiliar
um órgão público na investigação. O dispositivo é semelhante às delações
premiadas, mas envolve exclusivamente pessoas jurídicas. Apesar de entrar em vigor imediatamente, a MP
precisará ser apreciada pela Câmara e
pelo Senado em até 120 dias para não perder os efeitos. Entre outros pontos, a
medida provisória enviada pelo Palácio do Planalto ao Legislativo prevê que
penalidades previstas na lei da licitação, como autorização para a empresa
voltar a assinar contratos com a administração pública, sejam utilizadas no
acordo de leniência. Autor do livro "Comentários à Lei de Sociedades
Anônimas" – obra que analisa a legislação sobre o assunto –, o jurista
Modesto Carvalhosa classificou ao G1 de "escandaloso" o objetivo da medida
provisória dos acordos de leniência. Na visão do especialista, o governo lança
uma "cortina de fumaça" para manter os contratos das construtoras
envolvidas em esquemas de corrupção com o poder público. "O objetivo desta
MP é escandaloso. É permitir que empresas envolvidas em corrupção continuem a
contratar com o governo federal. Este para mim é o ponto principal. É uma
cortina de fumaça para as empreiteiras poderem continuar a contratar com todo o
poder público", ressaltou Carvalhosa. "Esta MP vai acobertar
empreiteiras para que elas possam voltar a operar acordos com o governo",
acrescentou o jurista.
Reginaldo Monteiro

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