A movimentação do PSDB de defender, nesta semana, a saída do presidente
da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do cargo acabou gerando uma preocupação a
mais no Planalto que contava com um arrefecimento das investidas contra a
presidente Dilma Rousseff neste final de ano. Isto porque, Dilma e seus
auxiliares mais próximos temem que os tucanos tenham calculado o rompimento e
esperam que, agora, Cunha os procure para recompor sua base. Nesta nova
posição, a única exigência a ser apresentada pelos tucanos ao presidente da
Câmara seria o principal objetivo traçado pelo partido: dar início ao processo
de impeachment de Dilma. Até agora, Cunha vinha atuando de forma ambígua,
tentando fazer um leilão entre base e oposição, de acordo com parlamentares
opositores, do seu poder constitucional de dar início ao processo de
impeachment da presidente. A decisão do PMDB foi vista pelo Planalto como um
ultimato dado a Cunha com o objetivo de fazê-lo sair do jogo
duplo para se sustentar no cargo. O governo espera uma contradança de
Cunha para recuperar sua hegemonia na Câmara e que os pedidos de impeachment
contra a presidente sejam usados agora para atrair o apoio de parlamentares de
oposição. Cunha aparentemente sentiu o baque do rompimento feito pelo PSDB,
seguido pelo DEM, mas minimizou os efeitos dizendo que os tucanos nunca foram
aliados seus. O líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), leu um manifesto,
assinado por 54 deputados, apontando que as acusações são graves e impedem a
permanência dele no cargo.
(Último Segundo)