09 novembro 2015

Brasileiras são vítimas da agressão de parceiros cada vez mais jovens

O relacionamento acabou, mas o ciúme, não. A soma desses dois fatores foi usada como justificativa por Anderson Rodrigues Leitão para o assassinato da dançarina Ana Carolina Vieira, encontrada morta nesta semana no apartamento em que morava, em São Paulo. Ex-bailarina do grupo "Aviões do Forró", Ana pretendia retornar aos palcos, mas teve sua jornada encurtada, aos 30 anos de idade, pelo descontrole do ex-namorado. Casos como o de Ana Carolina são comuns no Brasil, país que ocupa a sétima posição num ranking que lista as 84 nações com maior taxa de homicídios femininos. E os episódios de violência – terminem eles em morte ou não – estão acontecendo cada vez mais cedo na vida das mulheres. Segundo levantamento realizado desde junho do ano passado pelo Núcleo Especializado de Promoção dos Direitos da Mulher (Nudem) da Defensoria Pública de São Paulo, as brasileiras se tornam vítimas da violência, em média, já aos 19 anos. "A violência atinge a todas. Os números que ainda nem começamos a tabular já mostram que cada vez mais jovens têm relatado casos desse tipo já no primeiro relacionamento. É uma situação que atinge mulheres de todas etnias, orientação sexual, religião e grau de instrução", conta Ana Rita Souza Prata, defensora pública coordenadora do Nudem. De acordo com o Mapa da Violência 2012, pesquisa considerada referência na discussão do feminicídio, uma mulher é morta em condições violentas a cada duas horas no Brasil. Já estudo divulgado este ano pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que esse índice pode ter caído até 10% desde a criação da Lei Maria da Penha (legislação que ganhou reforço em março deste ano, com o sancionamento da Lei do Feminicídio). Ana Rita, no entanto, afirma não ter percebido em seu trabalho a redução apontada pela pesquisa do Ipea. Somente na capital paulista, 13 mulheres chegam diariamente ao prédio da Defensoria Pública do Estado alegando ter passado por alguma situação de violência. "Minha percepção é de que esse tipo de casos vem aumentando. Cerca de 40% dos casos que vão a júri em São Paulo estão relacionados às questões de gênero", declara a defensora, explicando que os casos que vão a júri são aqueles em que há a ocorrência de crime contra a vida.
(IG)
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