Na hora que o Brasil precisa melhorar a capacidade de competição
internacional, o governo, apertado pelas contas, quer suspender por um ano os
incentivos a empresas que investem em inovação e pesquisa. O plano da gigante
de cosméticos paulista era espalhar pelo mundo fragrâncias típicas do Brasil.
Foram anos de pesquisas, que consumiram milhões de reais, até o projeto virar
uma linha de perfumes que faz sucesso aqui e lá fora. A empresa é uma das 1,2 mil
que, em 2014, aderiram à Lei do Bem, que dá incentivos fiscais à pesquisa e
desenvolvimento de produtos. Em 2014, as empresas investiram R$ 10 bilhões em
quase 14 mil projetos. Como contrapartida, deixaram de pagar R$ 2 bilhões em
imposto. Mas, em 2016, a Lei do Bem pode ser suspensa por um ano se a Medida
Provisória 694 passar no Congresso. O Ministério da Ciência e Tecnologia
explica que a suspensão é parte do ajuste fiscal do governo. A associação que
representa as empresas inovadores critica a medida.A criação de novos produtos
envolve centenas de profissionais, muita tecnologia, e depende de pesquisadores
que passam o dia pensando em como melhorar a vida das pessoas. O trabalho deles
muitas vezes começa de forma bem simples. Em uma empresa que desenvolve
softwares corporativos, por exemplo, todas as conversas com os clientes são
registrada em papeizinhos. Cada um deles contém uma informação diferente que
pode gerar discussões e pode inspirar ideias inovadoras. A empresa gastou só no
ano passado R$ 243 milhões em pesquisa e desenvolvimento, um quarto desse
investimento veio da Lei do Bem.
(O Globo)