As carcaças do pirarucu, hoje descartadas após a
retirada dos filés do peixe, podem virar matéria-prima para a indústria
alimentícia. Cientistas brasileiros criaram uma maneira de transformar os
restos de carne em uma substância líquida chamada hidrolisado proteico de
pirarucu, capaz de enriquecer alimentos com baixo teor de proteína, como pães,
cereais e biscoitos. O líquido também pode ser usado em alimentos para pessoas
que não digerem a proteína do leite. A técnica consiste em transformar
esses restos de carne com o uso de enzimas, que geram reações químicas e
resultam em um líquido com mais de 70% de proteína. A tecnologia é resultado de
parceria entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) com a
Universidade Federal do Amazonas e já está disponível para a produção e
comercialização. O pedido de patente já foi feito ao Instituto Nacional de
Propriedade Industrial. O especialista em ciência de alimentos Rogerio
Souza de Jesus, pesquisador do Inpa, conta que quando a manta do pirarucu é
retirada para a venda, sobra grande quantidade de carne presa aos ossos que é
jogada fora. “Em um pirarucu de tamanho médio, com cerca de 60 quilos, sobram
mais ou menos 3 quilos de carne, não dá para desperdiçar isso”, diz Rogério,
lembrando que a comercialização do animal tem crescido muito desde o início do
manejo da espécie na Amazônia. O pescado é uma fonte saudável de
proteínas, lipídios, vitaminas A, D e do Complexo B e minerais como cálcio,
fósforo, ferro, cobre e selênio.
(Band)