Ser lésbica não atrapalhou a ascensão na carreira de Caroline
Cardoso, 33, que ocupa um cargo comissionado em uma grande empresa, cujo nome
ela prefere omitir. Contudo, depois da contratação, sua chefe lhe pediu para
manter discreta sua orientação sexual, ou seja, não revelar para os colegas que
é casada com outra mulher. "Ela fez isso no intuito de me defender, não
queria que eu fosse chamada de sapatão", diz. Por alguns meses, Caroline tentou permanecer no armário, mas depois de
ouvir conversas homofóbicas no ambiente de trabalho, não achou certo continuar
escondendo essa informação. "Não estava aguentando, resolvi falar",
conta, mais aliviada por não precisar fingir. O respeito à diversidade
tem avançado em diversos setores da sociedade. Porém, no ambiente de trabalho,
a questão ainda é permeada por bastante preconceito e discriminação.
Uma pesquisa realizada pela Elancers, empresa da área de sistemas de recrutamento
e seleção, mostrou que 11% das empresas não contratariam homossexuais para
determinados cargos, referindo-se a posições de liderança e nível executivo. O
levantamento - divulgado em maio deste ano - foi feito com mais de 2.000
recrutadores, de cerca de 1.500 companhias brasileiras. "Funcionários
executivos representam a imagem para o público e a empresa não quer sofrer com
o preconceito", diz Cezar Tegon, presidente da Elancers. Na
pesquisa, 7% dos entrevistados também disseram que não empregariam homossexuais
declarados em nenhum cargo. "Na verdade, quase 20% têm algum tipo de
discriminação", fala o executivo. Tegon também acrescenta que no
discurso muitas empresas falam que apoiam a diversidade, mas, na prática, é
diferente, conforme apontam os números.
(Bol)