Ambiente
desanuviado após o pacote Renan Calheiros. Na verdade, é uma soma de propostas
de Joaquim Levy e Delfim Neto. Como se diz em Brasília, os profissionais
entraram em campo. Restou ao PT ir a reboque de Renan. Entra-se, agora,
em uma fase de muitas indefinições à espera de algumas definições, em um quadro
em que há muitas informações ainda não reveladas pela Lava Jato. Em
círculos mais próximos ao Palácio, espera-se que a iniciativa de Renan convença
Dilma Rousseff a sair da inércia. Hoje em dia, o governo está
completamente paralisado. Há boas iniciativas nos diversos Ministérios,
paralisadas pela inércia de Dilma. A presidente isolou-se mais ainda,
inclusive de seu círculo mais próximo: o Chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante.
O isolamento de Dilma tem produzido um festival de tiros internos, de
integrantes do primeiro escalão espalhando balões de ensaio sobre colegas.
Dilma segue uma estratégia dos tempos de guerrilha, de segmentar as informações
que passa para os assessores, para identificar fontes de vazamento. Quando
localiza, dá uma bronca, mas não interrompe a guerrilha. Os vazamentos
não têm nenhuma relevância em si, são as pequenas futricas que fazem a glória
dos setoristas de Brasília. Mas são sinais eloquentes da falta de um rumo ou
uma liderança consistente, o que faz com que cada Ministro procure se blindar
junto aos jornalistas que cobrem sua área. Há um enorme conjunto de
temas à espera de definições. A cada dia,
a Lava Jato desmonta a imagem do PT de um partido diferenciado. Sem a bandeira
da ética, restou a bandeira social. Se nem essa for defendida, Dilma se verá na
situação da donzela que trocou de namorado, foi ao baile com outro pretendente,
viu-se abandonada, mas não conseguiu mais o primeiro namorado de volta.
(Trecho extraído da coluna de Luiz Nassif)