Três em cada quatro escolas do país não contam com itens básicos de
acessibilidade, como rampas, corrimãos e sinalização. Menos de um terço possui
sanitários adaptados para deficientes. É o que revela o Censo Escolar 2014, do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Dados
tabulados a pedido do G1 pela Fundação Lemann e pela Meritt,
responsáveis pelo portal QEdu, indicam que apenas 23 municípios do Brasil
contam com todas as suas escolas acessíveis – incluindo banheiros totalmente
adequados a deficientes. Os números revelam as barreiras para se cumprir um
princípio básico previsto por lei: o direito de todas as crianças de frequentar
uma escola. No caso das escolas municipais, o índice é ainda mais crítico: só
17% das unidades têm as estruturas mínimas para deficientes. Manuelina Martins,
vice-presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
(Undime), diz que o dado é preocupante. “A questão da acessibilidade é
fundamental. Hoje há um número significativo de alunos incluídos na rede. É
preciso investir na adaptação desses locais.” Para Manuelina, que é secretária
da Educação do município de Costa Rica, em Mato Grosso do Sul – único estado do
país em que mais da metade das escolas tem acessibilidade –, um dos principais
problemas é o fato de a maior parte das construções no Brasil ser antiga. O
presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Eduardo
Deschamps, concorda. “Na época, não havia esse tipo de preocupação e de
consciência na sociedade de garantir o acesso. Pelo contrário. Isso vem,
inclusive, de uma lógica de segregação.” Ele diz que atualmente se fazem
imprescindíveis duas linhas de atuação. “A primeira diz respeito ao atendimento
imediato. Ao se identificar numa determinada região que
há um número de alunos com algum tipo de deficiência que precisam dessa
acessibilidade, é necessário fazer imediatamente a adaptação.”
(globo.com)