Crianças a partir de 8 anos são enviadas a "campos do
sexo" em Moçambique e na Zâmbia para aprender detalhes sobre o casamento
e, no caso das meninas, a satisfazer seus maridos. A informação é da ONG Child
Not Bride, entidade formada por mais de 450 organizações de vários países
comprometidas em acabar com o casamento infantil. A ativista Maryam Mohsin
explica que nesses locais, meninos e meninas passam por "cerimônias
de iniciação" em que recebem aulas de cultura e tradições africanas, mas
também instruções práticas sobre o sexo que exigem a inserção de objetos no
interior do corpo feminino e até castigos físicos, quando as crianças e os
jovens não executam bem uma tarefa."Essas cerimônias se concentram
principalmente na região central moçambiquenha, como na província de Zamzebia,
e no norte da Zâmbia, e apesar de as aulas também terem o objetivo de preparar
jovens para a vida adulta, têm gerado preocupação pela natureza fortemente
sexual de suas cerimônias", afirma. Por causa desse tipo de
tradição, tanto Moçambique quanto a Zâmbia estão em posições preocupantes no
ranking do Unicef, Fundo das Nações Unidas para a Infância, para as nações com
maior número de casamentos infantis do mundo. Em Moçambique, 56% das
meninas se casam com menos de 18 anos, o que coloca o país em quinto lugar
entre os dez com os índices mais elevados. Já a Zâmbia ocupa a 15ª maior
taxa do planeta, com 42%.
(IG)