O auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, delator no processo que
investiga um esquema de corrupção na Receita Estadual do Paraná, afirmou que
pagou com dinheiro de propina as divisórias de madeira usadas no comitê
eleitoral do governador Beto Richa (PSDB) em Londrina, no norte do estado. O
serviço custou pouco mais de R$ 20 mil, disse o auditor em depoimento. Cinco
notas fiscais que comprovam a aquisição do material já foram apresentadas ao
Ministério Público (MP-PR), afirma o advogado de Souza, Eduardo Duarte
Ferreira. O PSDB, entretanto, garante que "não reconhece a veracidade da
alegada despesa" e que "não encomendou o referido material, não
autorizou e nem recebeu qualquer nota fiscal referente ao alegado
serviço". De acordo com o partido, todos os serviços contratados pela
coligação em 2014 foram apresentados no relatório de prestação de contas
aprovado pela Justiça Eleitoral. O Governo do Paraná informou que não vai se
manifestar, porque informações sobre a campanha devem ser obtidas com o
partido. A reportagem teve acesso a uma das notas fiscais apresentadas pelo
delator, em nome dele, no valor de R$ 5,7 mil. A data de entrega do produto é
29 de julho de 2014, três meses antes da eleição. O endereço descrito é avenida
Arcebispo Dom Geraldo Fernandes, no mesmo número em que o comitê de Richa
estava montado. Souza relatou ao MP que o pedido para que ele pagasse pelas
divisórias saiu da coordenação da campanha do governador em Londrina. O
responsável pelo diretório tucano à época, Vitor Hugo Dantas, que hoje ocupa um
cargo comissionado do governo estadual, foi procurado para comentar o caso, mas
não foi encontrado. Conforme uma assessora, ele está em viagem. O advogado da
empresa que entregou as divisórias para o comitê, Vinicius Borba, disse que, ao
fechar o negócio, o cliente não sabia que o dinheiro do pagamento havia saído
de propina. "Se houve algum problema com a utilização do material, ou algo
parecido, nós nem temos conhecimento, porque não nos é dada a possibilidade de
verificar alguma eventual investigação", justificou.
(globo.com)