19 maio 2015

Delator relata que comprou material para comitê de Richa com propina

O auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, delator no processo que investiga um esquema de corrupção na Receita Estadual do Paraná, afirmou que pagou com dinheiro de propina as divisórias de madeira usadas no comitê eleitoral do governador Beto Richa (PSDB) em Londrina, no norte do estado. O serviço custou pouco mais de R$ 20 mil, disse o auditor em depoimento. Cinco notas fiscais que comprovam a aquisição do material já foram apresentadas ao Ministério Público (MP-PR), afirma o advogado de Souza, Eduardo Duarte Ferreira. O PSDB, entretanto, garante que "não reconhece a veracidade da alegada despesa" e que "não encomendou o referido material, não autorizou e nem recebeu qualquer nota fiscal referente ao alegado serviço". De acordo com o partido, todos os serviços contratados pela coligação em 2014 foram apresentados no relatório de prestação de contas aprovado pela Justiça Eleitoral. O Governo do Paraná informou que não vai se manifestar, porque informações sobre a campanha devem ser obtidas com o partido. A reportagem teve acesso a uma das notas fiscais apresentadas pelo delator, em nome dele, no valor de R$ 5,7 mil. A data de entrega do produto é 29 de julho de 2014, três meses antes da eleição. O endereço descrito é avenida Arcebispo Dom Geraldo Fernandes, no mesmo número em que o comitê de Richa estava montado. Souza relatou ao MP que o pedido para que ele pagasse pelas divisórias saiu da coordenação da campanha do governador em Londrina. O responsável pelo diretório tucano à época, Vitor Hugo Dantas, que hoje ocupa um cargo comissionado do governo estadual, foi procurado para comentar o caso, mas não foi encontrado. Conforme uma assessora, ele está em viagem. O advogado da empresa que entregou as divisórias para o comitê, Vinicius Borba, disse que, ao fechar o negócio, o cliente não sabia que o dinheiro do pagamento havia saído de propina. "Se houve algum problema com a utilização do material, ou algo parecido, nós nem temos conhecimento, porque não nos é dada a possibilidade de verificar alguma eventual investigação", justificou.
(globo.com)
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