17 abril 2015

PF aprofunda provas da Lava Jato para evitar recursos contra delações premiadas

Fundamentados inicialmente na delação premiada, os 50 inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) e têm políticos como alvos estão sendo robustecidos pela Polícia Federal para fortalecer a Operação Lava Jato e permitir que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente as denúncias. Embora possam ser consideradas como provas testemunhais, as informações prestadas pelos dois principais delatores, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, representam indícios que precisam ser confirmados por novos métodos de investigação policial. Cada delação transcrita para servir de base à instauração de inquéritos foi registrada em áudio e vídeo, mas deve ser confirmada e reforçada por outros indícios que se contraponham a enxurrada de recursos que certamente serão apresentados nos tribunais superiores – STF e Superior Tribunal de Justiça – por advogados de políticos e de empreiteiros. Um grupo de advogados, coordenados pelo ex-ministro da Justiça e do STF, Nelson Jobim – que sucedeu o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, falecido em dezembro do ano passado – esmiúça cada detalhe dos depoimentos prestados pelos delatores em busca de falhas ou contradições. Também analisam com lupa declarações de procuradores – responsáveis pelos contratos de delação – para encontrar falhas ou contradições que sirvam para eventuais pedidos de anulação das investigações ou de parte delas. Dois detalhes na mira da defesa são as prisões dos empreiteiros – consideradas pelos advogados como excessivas como meio para obter provas ou promover novas delações – e uma declaração dada há poucos dias ao jornal Folha de S. Paulo pelo procurador Carlos Fernando Lima, um dos homens de linha de frente da força tarefa paranaense, admitindo que o MPF blefou para forçar suspeitos e aceitar contratos de delação. Nos bastidores da investigação, a revelação de Lima foi interpretada como ingênua, anti-produtiva e uma brecha que a defesa dos acusados pode usar.
(IG)
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