22 março 2015

GRANDES ARTISTAS: Gonzaguinha (assista o vídeo)

Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior nasceu em 22 de setembro de 1945, no Rio de Janeiro, filho legítimo de Luiz Gonzaga, o rei do baião, e Odaléia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil. A mãe morreu de tuberculose ainda muito moça, com apenas 22 anos de idade, deixando Gonzaguinha órfão aos dois anos, e o pai, não podendo cuidar do menino porque viajava por todo Brasil, entregou-o aos padrinhos. As primeiras letras Gonzaguinha aprendeu numa escola local, mas as verdadeiras lições de vida recebeu pelas ladeiras do morro. Quando garoto, para conseguir algum dinheiro, carregava sacolas na feira. Moleque Luizinho – seu apelido de infância, ia aprontando das suas. Pipas, peladas, bolinha de gude, pião e os acidentes da infância. Como as três vezes em que furou o olho esquerdo.Em 1973, Gonzaguinha participou do programa Flávio Cavalcanti apresentando a música Comportamento Geral num dos concursos promovidos pelo programa. Os jurados ficaram apavorados com a letra que dizia "Você deve aprender a baixar a cabeça e dizer sempre muito obrigado/ São palavras que ainda te deixam dizer por ser homem bem disciplinado/ Deve pois só fazer pelo bem da Nação tudo aquilo que for ordenado". Muita polêmica, uma advertência da censura mas, em compensação, o compacto gravado pelo compositor, que estava encalhado nas prateleiras das lojas, esgotou-se em poucos dias e logo Gonzaguinha pulava do quase anonimato para as paradas de sucesso na Rádio Tamoio e era convidado para gravar um novo disco. Como era de se prever naqueles anos de chumbo, a divulgação da música logo foi proibida em todo o território nacional e Gonzaguinha "convidado" a prestar esclarecimentos no DOPS. Seria a primeira entre muitas visitas do compositor ao orgão público. Para gravar 18 músicas, Gonzaguinha submeteu 72 à censura - 54 foram vetadas. Apesar de toda a perseguição, Gonzaguinha nunca deixou de divulgar seu trabalho: quer seja em discos onde driblava os censores com canções alegóricas, quer seja em shows onde, além de cantar as músicas que não podiam ser tocadas nas rádios, Gonzaguinha não se continha e exprimia suas opiniões e sua preocupação com os rumos que a nação tomava. O ano de 1975 foi particularmente importante na vida do compositor: tendo contraído tuberculose, Gonzaguinha viu-se obrigado a passar oito meses em casa e aproveitou o tempo para meditar e refletir sobre si mesmo. Neste período acabou chegando a algumas conclusões importantes. "Achei que devia retomar toda uma espontaneidade em termos de apresentação, de estar no palco como se estivesse em qualquer outro lugar". Esse ano também marcou o início das suas excursões pelo Brasil, em que rodou todo o país de violão. Com isso, conseguiu solidificar as bases nacionais de sua arte e descobriu a importância de seu pai, na música popular brasileira. Gonzaguinha gravou o LP Começaria Tudo Outra Vez. O disco, de acordo com o próprio autor, representou a capacidade de voltar ao início da carreira, retomar a espontaneidade perdida e "assumir a coerência de um trabalho que vem se estendendo há muito tempo". Em 1981 nasceu Amora Pêra, filha de Gonzaguinha e da Frenética Sandra Pêra.  Depois disso, sua carreira constituiu um coleção de sucessos, tanto nas apresentações ao vivo como nos diversos LPs que lançou, entre os quais Gonzaguinha da vida (1979), Coisa Mais Maior de Grande (1981), Alô, Alô Brasil (1983), em toda essa trajetória, Gonzaguinha tem demonstrado, ao lado de qualidades artísticas indiscutíveis, uma grande coerência de idéias sobre a arte, a vida e a dimensão política do homem. Seus últimos 12 anos de vida, Gonzaguinha passou-os ao lado de Louise Margarete Martins - a Lelete. Desta relação nasceu Mariana, sua caçula.  Até hoje Lelete e Mariana vivem em Belo Horizonte, cidade onde Gonzaguinha viveu durante dez anos. Se "Todo artista tem de ir aonde o povo está", lá estavam pai e filho deixando mágoas, desavenças, ressentimentos na poeira das estradas. Viajando juntos por quase um ano, mais do que se perdoaram - tornaram-se amigos. Não houve reconciliação, houve compreensão. O acidente que tirou a vida de Luiz Gonzaga Júnior,  aconteceu na manhã do dia 29 de abril de 1991 , ocorrido no quilômetro 30 da BR-280, entre os municípios de Renascença e marmeleiro, na região sudoeste do Paraná e a cerca de 420 quilômetros de Curitiba.


Sangrando

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