O País atravessa uma de suas
maiores crises no âmbito político, econômico e social e as manifestações do
último domingo (15), que levaram uma multidão às ruas de todo o Brasil contra a
gestão do PT, a presidente Dilma Rousseff e o escândalo na Petrobras, são um
reflexo do descontentamento e da indignação das pessoas. Apesar de legítimas,
as manifestações não devem ter força suficiente, neste momento, para provocar
mudanças significativas nos rumos do País, especialmente porque Dilma já deixou
patente sua deficiência para comandar este processo, avalia o cientista político
e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Fábio Wanderley
Reis. Em paralelo a isso, o especialista aponta que o País vive praticamente um
apagão em termos de lideranças políticas que possam conduzir o barco neste
momento de caos e recolocar a nação na rota do crescimento. Na avaliação de
Wanderley, o clima nacional piorou após a reeleição de Dilma. "Vivemos uma
situação inédita, com desdobramentos pós-eleições onde o ódio, a animosidade e
a frustração só crescem", diz o cientista político. Para ele, o
crescimento da insatisfação com os rumos do País tende a aumentar na medida em
que o governo Dilma está parado, desorientado e a crise, em todos os âmbitos,
crescendo cada vez mais. "Vejo com perplexidade este cenário e o mais
grave é que não temos lideranças que possam cumprir o papel efetivo de ajudar a
tirar o Brasil desta enorme crise. Nem mesmo os líderes da oposição estão
cumprindo esta função", diz, destacando que mesmo no maior partido de
oposição, o PSDB, não consegue vislumbrar este papel. Ele cita, por exemplo,
que considerou "infeliz" a frase do senador Aloysio Nunes Ferreira
(PSDB-SP) que prefere ver Dilma "sangrar" nos próximos quatro anos a
afastá-la do cargo. Ao falar do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves
(MG), que disputou o segundo turno das eleições presidenciais, o cientista
político diz que ele tem sido 'inepto, dúbio e oscilante".
(R7)