As mulheres representam
57,1% dos estudantes entre 18 e 24 anos que frequentam o ensino superior. Ainda
assim, optam por carreiras que proporcionam os menores salários, nas áreas de
humanidades e educação – a presença feminina é rara em áreas como ciência, tecnologia
e exatas. Uma explicação para esse cenário são os papéis sociais de gênero
impostos desde a infância por uma sociedade conservadora. "Na infância,
nas datas comemorativas os meninos ganham carrinhos, caminhão, brinquedos
associados a tecnologia de ponta, que é o que a gente associa socialmente
à masculinidade em um padrão que vem sendo construído há anos. Já as
meninas ganham as bonecas, que emulam o cuidado das mães com as crianças, e uma
série de outros brinquedos, como fogões e panelas", compara Bárbara
Castro, professora da Unicamp que se dedica à pesquisa na área de sociologia do
trabalho, tecnologia e estudos de gênero. Para Maíra Liguori, diretora da ONG
Think Olga, que discute temas femininos, a pouca exposição a outras opções
dificulta que as mulheres façam escolhas diferentes. "As
meninas brincam de cuidar e os meninos brincam de fazer,
conquistar. Os meninos podem sonhar em ser astronauta. A gente é privada
disso desde cedo, por que não tem esse contato. Você não pode se apaixonar por
algo que não conhece." Os padrões do que é feminilidade ou
masculinidade chegam à escola também. Segundo Bárbara, os livros escolares
reforçam esse estereótipo. "Nos problemas de matemática, nas histórias,
você sempre vê o Joãozinho fazendo o que a sociedade acha que é masculino. Isso
não facilita a identificação das mulheres com essas atividades",
afirma. Há ainda a questão dos professores. "Geralmente, homens dão
aulas de disciplinas de exatas, enquanto as mulheres lecionam português e
história. Isso influencia nas escolhas profissionais dos estudantes",
explica Maíra.
(IG)