Cientistas identificaram
uma cepa do vírus HIV mais rápida e agressiva. Dentro do corpo humano, a
linhagem conhecida como CRF19 é capaz de evoluir três vezes mais rápido que
outros subtipos. Pode levar à Aids em menos de três anos, sendo que o tempo
médio para a manifestação da doença é de 10 anos. O CRF19 foi detectado pela
primeira vez em partes da África em 2005, mas recentemente causou o que parece
ser uma epidemia em Cuba. “Os médicos cubanos notaram que havia mais e
mais pacientes que estavam progredindo para a Aids muito mais rápido do que
estavam acostumados”, explicou à Voice of America Anne-Mieke Vandamme,
professora do Instituto Rega de Pesquisas Médicas, na Bélgica, e responsável
pela detecção da nova cepa. A pesquisa, publicada na revista EbioMedicine, também
contou com a participação de cientistas portugueses, colombianos, cubanos e de
um especialista do Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz, da Fiocruz. O CRF19
já é a terceira cepa mais comum no país latino, afetando entre 17% e 20% dos
infectados pelo vírus da Aids. No entanto, os pesquisadores atestam que nenhum
dos contaminados pela nova cepa apresentou resistência maior ao tratamento com
antirretrovirais disponível. De acordo com Vivian Kourí, do Instituto de
Medicina Tropical de Havana e participante do estudo, a possibilidade de que a
terapia tradicional seja eficaz ainda é a mesma. Entre
os infectados com a nova cepa, uma parte significativa dos pacientes é
heterossexual e relatou uma tendência menor a usar proteção durante as relações
sexuais. O novo cenário preocupa os médicos, pois muitos pacientes podem ter
desenvolvido a doença antes mesmo de saber que foram infectados pelo vírus HIV.
Várias das pessoas incluídas no estudo — infectadas pela nova cepa e pelas já
conhecidas — relataram que foram submetidas a testes que deram falsos negativos
um ou dois anos antes de terem a doença manifestada.
(DP)