Estou envelhecendo. Estamos,
não? E compreendo, cada vez com mais clareza, quando alguém diz “a sabedoria do
tempo”. Não é o tempo que se torna sábio, mas é o próprio que nos concede a
oportunidade de nos tornarmos sábios, aprendendo a acompanhar a vida a passos
mais largos, sem dar urgências como desculpa, apreciando paisagens e não apenas
o buquê do vinho ou o do café. Porque às vezes é preciso nos debruçarmos na
janela do tempo e percebê-lo passando ao som do silêncio, prestando atenção no
que, no afã da correria cotidiana, permitimos passar despercebido.
Há
quem creia que estamos morrendo a cada dia, mas prefiro pensar que estamos nos
construindo a cada dia, colocando mais um tijolo, instalando abajures, pintando
paredes, criando jardins secretos, alimentando sonhos. E aprendendo a realidade
do respeito, que não é apenas dedicado aos que conhecemos, mas também aos que
julgamos estranhos, mas que, na verdade, são parte de quem somos.
Escutei
de uma criança uma teoria sombria sobre como o mundo está sendo assassinado.
Enquanto ela falava, arregalava os olhos e me vendia – usando e abusando da sua
condição, de quem não deveria se preocupar com essas coisas – a ideia de
que temos de cuidar do planeta, senão a água acabará. E o que a gente vai
fazer? “A gente vai morrer de sede! A gente vai morrer!”
A
gente vai morrer. Eu sei!