Empreiteiros presos
durante as investigações da Operação Lava Jato têm alegado condições de pobreza
para reaver bens bloqueados ou conseguir livrar-se da prisão. A choradeira tem
sido usada por advogados dos envolvidos no esquema investigado pela Operação
Lava-Jato em petições apresentados ao juiz Sérgio Moro, que comanda as
investigações que pedem desbloqueio de contas e relaxamento de prisões dos
investigados no esquema de corrupção instalado na Petrobras. Preso há pouco
mais de uma semana, o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor
Cerveró alega uma redução drástica de sua renda. Ele ganhava mensalmente R$ 100
mil e agora recebe R$ 5 mil de um aluguel de um apartamento em Ipanema e outros
R$ 10 mil de aposentadoria. Em junho do ano passado, Cerveró transferiu
aproximadamente R$ 500 mil de um fundo de previdência privada para sua filha,
Raquel Cerveró. Essa transferência é vista como suspeita pelo Ministério
Público Federal (MPF) e pela Justiça Federal. Moro, em decisão que confirmou a
prisão preventiva de Cerveró, afirmou que “a conclusão óbvia é que o objetivo é
frustrar a aplicação da lei penal, ocultando os bens ou colocando-os fora do
alcance da Justiça criminal mediante transferência a terceiros”. Agora, no
pedido de habeas corpus, a defesa de Cerveró tenta explicar que a
transferências de recursos aos filhos foi legal e ocorreu apenas por conta de
uma dificuldade financeira do ex-executivo da Petrobras. Além de Cerveró, empreiteiros
investigados pela Polícia Federal tem usado a mesma choradeira em suas defesas.
Em petição impetrada nesta semana, o diretor internacional da OAS, Agenor
Franklin Magalhães Medeiros, e seus colegas, José Adelmário Filho e José
Ricardo Nogueira Breghirolli, também da OAS, alegam que o bloqueio de bens
efetuado pelo juiz Sérgio Moro é responsável por “sacrificar o sustento” de
suas respectivas famílias. Agenor teve R$ 11,6 milhões bloqueados; Aldemário,
R$ 52,3 mil e Breghirolli, R$ 691,2 mil.
(IG)