08 agosto 2014

DIA DOS PAIS: Uma reflexão sobre a simplicidade

Não é de hoje que me pergunto. Onde foi parar a impagável simplicidade - em tudo? Todavia, principalmente nestas datas, nestas ocasiões nas quais convencionou-se que se comemorar devidamente o Dia dos Pais, Dia das Mães, Páscoa, Natal, e outros... só se reveste de significado digno diante de uma pujança compulsiva de gastos, de alarde, de barulho, durante os quais o que se observa, sobretudo, são pessoas estressadas, apáticas, quando muito condicionadas ao ritual imposto pelas exigências ardilosas outorgadas pelas táticas hábeis do capitalismo com o decorrer das décadas, em substituição à jóia autêntica - e esta sim, o alimento do espírito! - do calor humano, do afeto, da amorosidade que, a meu ver, é tudo, é a viga mestra não dos "Dia disso" ou "Dia daquilo"... mas do que de fato é o cerne de todas estas ocasiões: o amor e a fraternidade entre os seres humanos, entre os entes queridos.

Observo que as escolas, em sua totalidade e, alegando as exigências didático-pedagógicas dos dias de hoje, se esmeram em celebrações retumbantes. Anunciam-nas já no princípio do ano letivo, convocando a todos. Festas com missas, apresentações teatrais e danças das várias classes em homenagem a pais ou mães; gincanas, guloseimas, sorteios, bingos. E, unanimemente, sempre sob os pretextos do mundo globalizado e sua exigência draconiana de interação frenética entre as pessoas, fizeram crer aos estudantes de todas as idades, com o passar das décadas e das mudanças, que isto é importante, é vital, é indispensável.

Não sei! Tenho uma rejeição irrefreável, natural por esta compulsão quase neurótica de se ter que fazer algo a respeito de coisas que pediriam, única e simplesmente, o que de maior valor se reveste: amor e afeto. Fico recordando insistentemente do tal "tesouro que a traça não corrói e o tempo não desgasta" - lição de tanta simplicidade, milenar, a respeito do alimento verdadeiro, gerador da autêntica felicidade. Alimento do espírito. E, inevitavelmente, considero tudo isso uma idiotice!

Às vezes me vem o pensamento: como Jesus homenagearia seus pais?

(Trechos de escrito por Christina Nunes)
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