Não é de hoje que me
pergunto. Onde foi parar a impagável simplicidade - em tudo? Todavia,
principalmente nestas datas, nestas ocasiões nas quais convencionou-se que se
comemorar devidamente o Dia dos Pais, Dia das Mães, Páscoa, Natal, e outros...
só se reveste de significado digno diante de uma pujança compulsiva de gastos,
de alarde, de barulho, durante os quais o que se observa, sobretudo, são
pessoas estressadas, apáticas, quando muito condicionadas ao ritual imposto
pelas exigências ardilosas outorgadas pelas táticas hábeis do capitalismo com o
decorrer das décadas, em substituição à jóia autêntica - e esta sim, o alimento
do espírito! - do calor humano, do afeto, da amorosidade que, a meu ver, é
tudo, é a viga mestra não dos "Dia disso" ou "Dia
daquilo"... mas do que de fato é o cerne de todas estas ocasiões: o amor e
a fraternidade entre os seres humanos, entre os entes queridos.
Observo
que as escolas, em sua totalidade e, alegando as exigências
didático-pedagógicas dos dias de hoje, se esmeram em celebrações retumbantes.
Anunciam-nas já no princípio do ano letivo, convocando a todos. Festas com
missas, apresentações teatrais e danças das várias classes em homenagem a pais
ou mães; gincanas, guloseimas, sorteios, bingos. E, unanimemente, sempre sob os
pretextos do mundo globalizado e sua exigência draconiana de interação
frenética entre as pessoas, fizeram crer aos estudantes de todas as idades, com
o passar das décadas e das mudanças, que isto é importante, é vital, é
indispensável.
Não
sei! Tenho uma rejeição irrefreável, natural por esta compulsão quase neurótica
de se ter que fazer algo a respeito de coisas que pediriam,
única e simplesmente, o que de maior valor se reveste: amor e afeto. Fico
recordando insistentemente do tal "tesouro
que a traça não corrói e o tempo não desgasta" - lição de tanta simplicidade,
milenar, a respeito do alimento verdadeiro, gerador da autêntica felicidade.
Alimento do espírito. E, inevitavelmente, considero tudo isso uma idiotice!
Às
vezes me vem o pensamento: como Jesus homenagearia seus pais?
(Trechos de escrito por Christina Nunes)