COMENTÁRIO: Santa Casa e relações políticas

Acabo de ler a edição de maio do informativo da Santa Casa de Pederneiras. Certamente as despesas com a materialização do informativo tenham se viabilizado através de colaboradores, voluntários. Afinal, são cinco mil exemplares e o custo deles, por menor que seja, faria falta às atividades da entidade.

Nenhuma Santa Casa do país tem dinheiro sobrando. Volta e meia nos deparamos com notícias que dão conta de crises financeiras dessas centenárias instituições. Também não dá para imaginá-las lucrativas, o que se constituiria numa ruptura radical de sua origem.

Dediquei atenção especial à palavra do amigo e provedor Maurício dos Passos que, enfático, afirma que a instituição é da população, e não de uma ou outra bandeira político-partidária. E assim deveria ser.

Foco político

Cabe, no entanto e por uma questão histórica, lembrar que uma das primeiras providências que quem detém o poder maior no município tem feito ao assumir, é buscar substituir o provedor e a mesa administrativa da irmandade, quando e se entende que esta não tem afinidade com o novo modelo de administrar.

De modo geral, as pessoas que ocupam esses postos acabam sendo escolhidas a dedo e, de preferência, serem umbilical e politicamente afinadas com a administração municipal. Isso é público e notório. O que denota ingerência do epitélio político nos passos que a Santa Casa dá. Tanto que, embora a prefeitura de Pederneiras seja quem possibilitou, mediante autorização legislativa, o benefício de parte da renda do show do Gusttavo Lima (que até este momento, ao que se sabe, não foi sequer repassado), é o nome do prefeito e não o da prefeitura, que se destaca na manchete de agradecimento publicada no informativo.

O movimento

Sempre defendi que as Santas Casas devam aprofundar a relação política com a comunidade; ampliar a dinâmica na composição público-privado, ou SUS-AMS (Assistência Médica Supletiva); e modernizar cada vez mais a gestão, pois é certo que os brasileiros não podem correr o risco de perder o que essas instituições possuem de potencialidade para oferecer.