Se no Natal os filhos de Deus estão mais abertos a despertar o sentido solidário e se mostram mais humanos, por qual razão esse sentimento não se propaga, em amplitude, no comportamento ao longo do ano? Para líderes religiosos de variadas correntes, a encarnação de Cristo no calendário natalino, independentemente da precisão histórica em relação à data, age sobre a essência humana das pessoas, o amor... percepção de vida que exige confronto com o individualismo para não ser arrebatada nas demais frações do tempo mundano.
O padre Luiz Antonio Lopes Ricci argumenta pelo fundamento da vida para comentar por que “ser mais humano” apenas em datas como o Natal? “O Natal é a encarnação do filho, do amor de Deus, a conexão de que somos todos irmãos e a comemoração do nascimento de Jesus reforça essa verdade. O fundamento para a vida mais solidária, portanto, estão mais aguçados neste período, enquanto que o mundo competitivo e cheio de obrigações e metas para a trajetória da vida acentuam o individualismo”, aborda.
Passado o período de celebrações e de renovação dos planos de vida, na virada do ano, as pessoas voltam a dedicar boa parte de seu tempo em cumprir metas, suplantar desafios do mundo orgânico e, em algumas situações, a exercitar a necessidade até de vencer o outro. “O mesmo que abraçou o outro com sentimento de amor no Natal pode ter de enfrentá-lo na competição da vida em ocasiões seguintes e essa esquizofrenia social afeta o sentimento de amor que havia aguçado na comemoração do nascimento de Cristo”, continua Ricci.
Assim, o ter suplanta a vontade de ser, e a vontade do indivíduo sucumbe à do sistema, do meio em que se vive. “Mas eu prefiro a terceira via dessas relações, prefiro pensar no direito e na busca de uma vida melhor, com qualidade, mas sem deixar de pensar no semelhante. A realização pessoal não está dissociada da solidariedade, mas esta precisa ser constante, duradoura, e não só fruto do espírito do Natal. Então, que o ser humano se volte para sua essência e não permita que essa sensibilidade seja engolida no resto do ano”, completa o líder católico.
(JCnet)
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