Médicos e entidades que atendem pacientes com câncer criticam a forma como o governo vai incorporar no SUS o trastuzumabe, droga útil a cerca de 20% das mulheres com câncer de mama. Em julho, o Ministério da Saúde anunciou a oferta do remédio - usado em conjunto com a quimioterapia - para o início de 2013, quando também será publicado o protocolo para uso da droga.
A proposta da pasta é oferecer o medicamento às pacientes em fase inicial ou avançada localmente, o que deixa de fora o grupo daquelas que tiveram metástase, ou seja, a disseminação do câncer para outros órgãos. Enquanto o governo entende que, no caso de metástase, o impacto do remédio no tempo e na qualidade de vida é pequeno, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica diz que pode se falar em alguns anos de sobrevida.
Editoria de Arte/Folhapress |
A entidade chegou a elaborar um boletim informativo em que contesta o ministério. "A gente vê respostas extraordinárias.
Paciente com muita metástase que, com o remédio, chega ter redução de até 90% [no tumor]. O governo tem que reconhecer o benefício do medicamento", afirma Anderson Silvestrini, presidente da sociedade.
Para Max Mano, chefe do grupo de câncer de mama do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de SP), é "remar contra a maré" não usar o trastuzumabe no caso metastático.
"Seria aceitável dizer que o benefício não justifica o investimento ou que não há dinheiro, mas não se pode dizer que não existe um benefício reconhecido", diz.
Outro receio dos médicos é que a compra, que agora passará a ser centralizada e não mais feita pelo serviço de saúde, gere problemas de distribuição e conservação.
O ministério avalia que vai gastar pouco menos de R$ 130 milhões por ano para ofertar o remédio nas duas situações definidas. E estima que abarcar as pacientes com metástase significaria praticamente dobrar esse valor inicial.
O país tem mais de 50 mil casos de câncer de mama a cada ano. Em 2010, foram 12.812 mortes pela doença.
(Folha)
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