Especulações sobre fim do mundo mexem com o imaginário coletivo

Douglas Reis

Francisca Constâncio espera a quarta-feira deste mês para comemorar seu centenário

Soam as trombetas. Se elas sinalizam diversão com mais um “fim do mundo” de mentirinha ou, desta vez, com o apocalipse, de fato, pouco importa. Fato é que o mais próximo final dos tempos, anunciado para a semana que vem (quinta-feira, dia 21, segundo a “profecia” Maia), mexe com o imaginário popular. 

 

Paralelamente às previsões e profecias, curiosidades envolvem duas datas em especial neste mês. Na semana anterior à última alvorada de nossas vidas, o dia 12/12/12 (na quarta-feira), também é cercado de misticismo. Correntes defendem, sem a possibilidade de outra hipótese, que a data com três dígitos iguais será marcada pelo “início do fim”. Nesse dia, haveria uma “inversão polar” no planeta, com consequências desastrosas.

 

Esse burburinho das trombetas ainda é maior sobre os ouvidos de quem apaga velinhas em algum destes dias. Céticos ou não, esses aniversariantes têm algo em comum, além do dia comemorativo: as brincadeiras. 

 

Ainda mais quando os números são tão marcantes na vida da pessoa. Caso do garoto Hugo Leonardo Pereira. Ele faz 12 anos no dia 12, do mês 12, do ano com final 12. Para o pré-adolescente, não há nada de impressionante nisso. “É meu aniversário como é em todos os anos”, resume. “(teoria sobre o fim do mundo)  é tudo mentira”, acredita

 

Hugo, na realidade, está antenado com outro fato. São-paulino, diz torcer pelo título no segundo jogo da final da Copa Sul-Americana, entre o time do coração e o Tigre, da Argentina, marcado para quarta-feira, dia 12. 

 

Em meio ao cataclismo do dia 12, quando o planeta teria rotação e polos invertidos, começaria a contagem regressiva (ou progressiva, já que tudo seria virado às avessas?). 

 

Mas nem mesmo quem tem o algarismo 12 marcado em demasia pelas coincidências da vida, diz levar o papo a sério. Paulo Henrique Pereira é pai do aniversariante do dia. Produtor de vídeo, ele ganhou fama na cidade e região durante a campanha eleitoral municipal de 2004, que levou Tuga Angerami a assumir a prefeitura de Bauru pela segunda vez. 

 

Na época, Paulo protagonizava um caipira que, no horário eleitoral, sempre repetia o bordão do então candidato, que tinha no 12 o número de voto nas urnas. “Doze, é Tuga”, dizia o personagem interpretado por ele há 12 anos. “É muito doze né?”, diverte-se. “Chega um pouco também”, brinca Pereira, dizendo não ser supersticioso. 

 

Tem muita gente que acha que casamento é fim. Brincadeiras a parte, por outro lado, existem casais que pretendem formalizar a união, justamente, em datas cercadas pelo mistério ou, no mínimo, curiosidade. Moradores de Alvinlândia, na região de Marília, os noivos Everton Aurélio e Mayra Miranda trocarão alianças no dia 12. 

 

Mas a data – para alguns o “início do fim do mundo” – não basta. O enlace em cartório está marcado para as 12 horas e 12 minutos, do dia 12 do mês doze, ano 2012. “O moço do cartório queria mudar porque é na nora do almoço”, diverte-se a noiva, que, apesar da escolha excêntrica, não se diz supersticiosa. 

 

“Não é superstição, é mais para cumprirmos algo que foi combinado”, justifica, dizendo que o casal, há tempos, diverte-se com essa exatidão numérica em torno do dia e horário da união formal.

(JCnet)