Era julho de 1995. Diante daquele ato pitoresco em torno de mim por causa da investigação do rumoroso "Caso Idecon", que eu propunha à Câmara Municipal, a denúncia, o inquérito policial, o rancor expresso do então prefeito, etc., tudo estava feito. Ledo engano: faltava ainda.
Chego a uma sessão da câmara e assisto, estupefato, à leitura de uma representação contra mim, cujo objetivo era cassar o mandato de vereador que eu exercia. Ato contínuo, formou-se uma comissão processante. Ou seja, mais um processo com as mesmas acusações que o inquérito policial apurava. Fiquei entre o esbravejar e o gargalhar, sinceramente! Enfim, estava lá e eu teria que responder àquilo também.
Eu possuía mais do que provas suficientes para demonstrar que o que havia mesmo era a tentativa de me intimidar com uma armadilhazinha fajuta, arquitetada na calada da noite por fascistas travestidos de democratas. Como diz o meu amigo Zinho Maturana Corral, era tudo bobagem.
Hoje atribuo o recebimento daquela representação à inexperiência dos então colegas vereadores. Aliás, éramos todos inexperientes e o histórico do legislativo local, em alguns momentos, beirava subserviência a quem comandava a prefeitura. A população até considerava os vereadores – eu inclusive - espécie de “empregados” da prefeitura e do prefeito. Estávamos diante de um aprendizado a fórceps.
Levou um tempão para eu me livrar daquilo. O inquérito policial virou denúncia, que virou processo judicial que se arrastou por anos. Até que a justiça sentenciou: inexistência de delito. Se não houve crime, não havia a quem punir. Ao receber o resultado, a primeira coisa que fiz foi ir ao encontro dos meus filhos com aquele papel na mão. Disse: como papai afirmou a vocês antes, não cometeu nenhum deslize, quanto mais crime. E li a decisão judicial em voz alta.
O Jornal da Cidade, que havia feito um estardalhaço contra a minha imagem, teve que publicar o resultado da decisão judicial com destaque e foto (a mesma da antiga publicação) na primeira página, como fora antes. E no espaço interno, noticiar com detalhes, tal qual tinha sido anos atrás, quanto tratou das denúncias infundadas contra mim.
Já quanto a comissão processante, à medida em que as coisas iam se invertendo a meu favor na esfera judicial, a papelada ia sendo recolhida num armário. E lá ficou, até que dois anos depois, na legislação seguinte (1997), já como presidente da câmara municipal tomei uma atitude: um relatório deveria ser votado. Eu não aceitava que aquilo mofasse sem decisão final. Trouxe o processo ao plenário e submeti a votação. O resultado foi pelo arquivamento, seguindo as mesmas razões que a justiça adotou.
Reginaldo Monteiro
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