O aumento de casos de microcefalia
possivelmente associados à infecção por um vírus ainda pouco conhecido foi
identificado no Brasil pela primeira vez em outubro do ano passado. Mas, em
2016, ano em que a relação entre o Zika e a microcefalia deixou de ser dúvida,
o número de bebês com a malformação no país ultrapassou a marca de 2 mil. Em
2016, o problema antes aparentemente limitado à Região Nordeste se alastrou
pelo restante do país, atingindo também outras nações e, virtualmente, todo
continente americano. O cenário levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a
recomendar que as mulheres adiassem a gestação e a declarar, em fevereiro de
2016, emergência global em saúde. A preocupação aumentou em meio a pesquisas
que indicam que os efeitos do vírus no bebê podem ir além do quadro de
microcefalia – incluindo diversos comprometimentos motores, visuais e
auditivos. Em novembro, o Ministério da Saúde anunciou que bebês de mães
infectadas durante a gravidez, ainda que não apresentem sintomas no nascimento,
serão acompanhados até os 3 anos de idade.
Transmissão
sexual
Em fevereiro, os Estados Unidos
confirmaram que o vírus também pode ser transmitido sexualmente, aumentando o
temor de uma propagação rápida da doença. Conter novos casos de transmissão de
Zika por via sexual passou a entrar no rol de esforços da OMS e de governos de
todo o mundo para conter a epidemia. A entidade chegou a alertar que a
epidemia de Zika poderia afetar entre 3 e 4 milhões de pessoas em todo o
Continente Americano. Brasil e a Colômbia foram os países onde mais ocorreram
registros de casos de infecção ou suspeita de infecção.
Olimpíadas
do Rio
A epidemia do vírus também preocupou
autoridades e organizadores envolvidos nos Jogos Olímpicos Rio 2016. O governo
brasileiro chegou a enviar cartas a todos os atletas que anunciaram
publicamente a não participação dos Jogos temendo o Zika, pedindo que
reconsiderassem vir ao país para participar da competição. Após a polêmica, a
OMS divulgou nota garantindo que não foram relatados casos confirmados da
doença entre participantes do evento, tanto atletas quanto turistas. O Comitê
de Emergência sobre Zika e Microcefalia da entidade parabenizou o Brasil pelas
medidas de saúde tomadas durante a Olimpíada.
Vacina
Em 2016, o desenvolvimento de vacinas
contra o Zika avançou consideravelmente, incluindo testes conduzidos por pelo
menos três instituições brasileiras – Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Butantã
e Instituto Evandro Chagas. Ainda assim, a expectativa mais otimista é que a
dose só chegue ao mercado em 2018. Até lá, a principal estratégia de prevenção
defendida pelo governo federal continua a ser o combate ao mosquito
transmissor, o Aedes
aegypti. A OMS orienta ainda que mulheres
grávidas utilizem repelentes; optem por roupas leves e de cor clara, que cubram
braços e pernas; e não abram mão do preservativo, no intuito de evitar uma
possível transmissão sexual do vírus.