No futuro seremos invejados por termos assistido a Chico Buarque ao vivo. Sua presença causa um frisson diferente em São Paulo, cidade onde iniciou sua carreira. O espetáculo de estreia foi o grande acontecimento social e artístico da noite desta quinta feira. Para ouriçar ainda mais os que ficaram de fora mas estão felizes com seus ingressos assegurados em outras noites da temporada que, prorrogada, seguirá até 8 de abril. Não tem como evitar, temporada de Chico tem que ser prorrogada.
Agora um enxuto sessentão chegando perto dos 70 anos, ele oferece o espetáculo do CDChico onde escancara sua maturidade numa lindíssima suíte. É a mais recente demonstração de um indômito criador de canções antenadas com seu tempo, de admiráveis músicas de seu lugar e de seu povo.
Mesmo que não queira, Chico será nestas semanas o assediado artista do público feminino que entende como ninguém as inexplicáveis mudanças de rumo de sua intimidade. É a geração descendente das vovós e titias que lotavam a plateia do Teatro Record, que já decoravam suas canções, vibravam e cantavam agitando as letras nas mãos e se derramavam vendo o jovem de vinte anos. As moças daquela São Paulo já agitada mas ainda humana haviam descoberto um ídolo além dos olhos verdes, alguém que tocava sua alma com canções. Um artista de roupa igual, que no palco nada mais fazia do que cantar. Nada mais.
(Fonte: Estadão)
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