O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na noite desta
terça-feira (28), que a aprovação do Projeto de Lei 4330, que regulamenta a
terceirização no Brasil, pode representar um retrocesso ao período anterior ao
governo Getúlio Vargas no País. "Voltamos a 1930, quando a FIESP
[Federação das Indústrias do Estado de São Paulo] achava que o trabalhador
devia ter dez dias de férias. Se desse mais tempo [era porque] ele bebia,
brigava", lembrou, enfatizando que os trabalhadores daquele período
eram "oprimidos". "Os empresários querem acabar com a
justiça do trabalho. Acham que tem que rasgar a CLT [...] Não é porque a lei é
de 1946 que tem de jogar fora." O discurso do ex-presidente ocorreu
na abertura de um seminário promovido pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC,
que relembra os 35 anos da greve da categoria ocorrida em 1980, quando foi
liderada pelo próprio Lula. Sem modéstia, o petista enviou recado à
Procuradoria-Geral da República, dizendo ter sempre privilegiado a escolha
a partir da lista tríplice indicada pela categoria. "Era muito mais fácil
indicar um amigo. Mas eu não queria um procurador pra mim". Num afago ao Sindicato dos Metalúrgicos, Lula disse que a greve
encabeçada pela categoria na Scania foi um marco para a democracia do
País: "Foi o primeiro acordo coletivo que eu fiz e que aprovamos, na
porta da fábrica". Pressionada pelas concorrentes, a Scania recuou do
acordo e "nós ficamos 15 dias sendo chamados de traidores
pela peãozada". A greve da Ford, realizada a seguir, fez as fábricas
sentarem à mesa, e um novo acordo foi consolidado. "Depois de 1978 tudo
ficou mais fácil", resumiu Lula. Ele lembrou que, no ano seguinte, o
objetivo era fazer uma greve geral e não parar uma fábrica de cada vez.
(Último Segundo)