Em um mês e meio de funcionamento, parte
dos integrantes da CPI da Petrobras da Câmara dos Deputados ouvidos avalia que
os trabalhos da comissão até agora pouco contribuíram para as investigações
sobre o esquema de corrupção na estatal. No total, foram aprovados 209
requerimentos e ouvidas oito pessoas, em depoimentos que somam quase 50 horas.
Ao todo, foram realizadas dez sessões: sete destinadas a depoimentos, uma para
instalação e duas para votar requerimentos. Em uma das reuniões mais
conturbadas, quando foi ouvido o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, cinco
roedores foram soltos no plenário, o que provocou gritos e tumulto. Deputados criticam o fato de ainda não terem tido
acesso a documentos sigilosos, mas só ao conteúdo disponibilizado na internet.
Além disso, depoimentos prestados até agora são de pessoas já ouvidas em outras
CPIs ou pela Justiça, que já tornou parte das declarações públicas. Para o
relator, Luiz Sérgio (PT-RJ), a CPI “tem corrido atrás” do que já foi revelado
pela Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça Federal. “A CPI ainda
não trouxe nada de novo. Tudo o que se falou, se discutiu são questões já
conhecidas.” O relator ressalta que o pagamento de propina envolvia
funcionários da Petrobras, empresários, partidos e parlamentares, mas que, até
o momento, só foram ouvidos ex-funcionários da estatal e o tesoureiro do PT,
João Vaccari Neto. É uma CPI que está virando um samba de uma nota só”,
reclama. Para ele, esse pouco avanço mostra que a CPI não era “necessária”.
“Ela foi criada, a meu ver, muito mais com o objetivo de potencializar um fato
existente do que chegar efetivamente a um fato novo”, diz.
(globo.com)