Mrayma
Mansur aparenta nervosismo, ao liderar a patrulha noturna dos cristãos assírios
na cidade de Alqosh, no norte do Iraque. Ele traz um punhal no cinto do
uniforme de combate, o verde de suas pupilas contrasta com os olhos vermelhos
de exaustão. Ao seu redor, os homens de sua patrulha estão sentados, portando
armas obsoletas e bebendo chá adoçado. A palavra "traição" circula
pela roda. Quando os combatentes curdos peshmerga se retiraram, diante do
avanço do "Estado Islâmico" (EI) sobre as cidades cristãs, no início
de agosto, Mrayma e seus homens permaneceram. Eles não sabiam se Alqosh também
seria atacada. As milícias sunitas se encontravam a apenas poucos quilômetros
ao sul. Quase todos os moradores da cidade fugiram, temendo o pior.
"Tínhamos 70 ou 80 homens, que ficaram para trás e mantiveram guarda nas
montanhas", lembra o combatente. A partir das colinas onde se ergue a
cidade assírio-cristã de 6 mil habitantes, vê-se a planície de Nínive.
Hesitantes, algumas famílias de Alqosh ensaiam agora um retorno, enquanto os
peshmerga voltam a seus postos na frente de batalha, a apenas 15 quilômetros de
distância. Um lojista solitário vigia seu negócio, no bazar cujas lojas estão
fechadas a tábuas e pregos. O toque vespertino dos sinos da igreja e alguns
carros isolados quebram o silêncio de vez em quando. O mosteiro Rabban Hormizd,
do século 7°, construído no penhasco acima da cidade, encontra-se fechado por
considerações de segurança.
(MSN)