21 setembro 2014

Antes das urnas eletrônicas, eleições em cédula de papel tinham clima de guerra

Receber a cédula eleitoral do próprio candidato, ser coagido por capangas de coronéis e até declarar voto publicamente ao juiz eleitoral. O cenário que hoje parece estarrecedor já foi realidade para os brasileiros, que percorreram um caminho longo e nada confortável nas eleições até os dias atuais. As cédulas de papel, existentes desde a época colonial, seguiram pelo Império e pela República Velha e marcaram pleitos cercados de fraudes. A contagem dos votos, que tinham de ser transportados de diferentes partes do País até o Rio de Janeiro, durava meses. O primeiro Código Eleitoral brasileiro, de 1932, garantiu os principais avanços ao sistema eleitoral. A partir dele foi garantido o voto secreto, o voto feminino e até o uso de uma “máquina de votar”, que seria tecnologicamente viável apenas 64 anos depois, nas eleições de 1996. O primeiro contato do eleitor com a cédula única de votação, oficialmente impressa pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ocorreu em 1955 para eleições de presidente e vice. Para o historiador Marco Antônio Villa, autor de obras sobre a história política brasileira, a cédula única foi um importante avanço porque o eleitor que até então era livre para votar em qualquer lugar passou a ser obrigado a comparecer à seção eleitoral. A novidade inibiu o uso de títulos falsos, já que o documento passou a contar com a foto do eleitor. Villa explica como era votar com a cédula única. “Ele marcava um X para escolher um candidato ao Executivo. O desafio maior era preencher os nomes dos candidatos ao Legislativo que não estavam na folha individual”. Por isso, a linha em branco foi motivo de anulação de votos e deu espaço para manifestações e protestos.
(Último Segundo)
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