Está nas mãos do Senado, uma vez que a Câmara houve
por bem fazer o serviço sujo, impedir que o crime organizado tome conta de um
dos Poderes da República. A infiltração, por óbvio, já aconteceu. Agora se
trata de saber se, sob o pretexto de se garantirem prerrogativas, o Parlamento
brasileiro será entregue a sindicatos do crime. Eis a distopia
"modernizadora" que oferecem ao Brasil o centrão e o bolsonarismo,
esse antro de moralistas. Cadê os presidenciáveis ditos
"conservadores"? Cadê Tarcísio de Freitas? Cadê Ratinho Jr.? Cadê
Ronaldo Caiado? Ou esses grandes "porta-vozes do progresso" estão
ajudando a promover a impunidade ou se acoelham porque precisam dos votos da
extrema direita e não haverá, se não houver impunidade.
No tempo em que os historiadores se ocuparem desses
dias, será preciso lembrar que a Câmara escolheu a impunidade e a proteção
clandestina de larápios aprovando a PEC da Roubalheira três semanas depois de a
Polícia Federal desfechar a Operação Carbono Oculto, que apura a formidável
infiltração do PCC em vários setores da economia, inclusive no mercado
financeiro.
O que os que endossaram a safadeza pretendem — e
vamos ver se a reserva de decência do Senado será suficiente para obstar a
esbórnia — é torrar uma fatia de mais de R$ 50 bilhões do Orçamento como lhes
dá na telha, sem ter de prestar contas a ninguém e sem ter de responder à
Justiça se flagrados em atos criminosos. São gritantes as evidências de que
essa soma fabulosa de recursos é dilapidada em proveito de máfias, Brasil
afora, a que estão atreladas lideranças políticas. Atenção! As falcatruas com
emendas são apenas um dos tentáculos da tentativa de tomar o Estado. Há outros,
como a dilapidação do patrimônio público.
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