02 julho 2025

Acordo sobre PDL? Ao arrepio da Constituição, NÃO!?

É claro que é ruim que seja eventualmente o Supremo a resolver a patuscada protagonizada por lideranças do Congresso no caso do IOF. Mas eis a pergunta inevitável: qual é a alternativa? Notem: digo ser ruim não porque exista alguma dúvida sobre se cabe ou não ao tribunal decidir, mas porque isso, a rigor, não seria necessário se Câmara e Senado não tivessem decidido rasgar a Constituição nesse particular — e, observo à margem, em muitos outros.

Os analistas enfezados com o governo Lula tonitruam: "Olhem aí, falta articulação política; vejam como o diálogo é ruim..." Esperem. Não nesse caso. No dia 8 de junho, cada passo, incluindo o novo decreto do IOF, foi combinado entre o ministro Fernando Haddad (Fazenda), Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, e David Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado.

Objetivamente: o PDL é inconstitucional? É. Então não pode prosperar. O decreto do governo é constitucional? É. Então assim tem de ser declarado. "Ah, mas isso vai provocar um conflito..." Entre quem e quem? Então se vai permitir que prospere uma agressão clara à Constituição por receio de confronto político?

Pois é... Quiseram as circunstâncias que isso ficasse, de novo, com Alexandre de Moraes, como se já lhe pesasse pouca responsabilidade nos ombros. Não sei quais caminhos percorrerá o ministro, mas não vejo muita saída que não seja dizer sobre a Carta: "cumpra-se". O rolo que isso vai dar entre o Executivo e o Legislativo, convenham, não tem de ser administrado por ele. Só faltava mais essa.


(Reinaldo Azevedo)

 

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