Há cinco anos,
centenas de funcionários chegavam à Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho,
para iniciar mais um dia de trabalho. Eram engenheiros, técnicos
administrativos, operadores e seguranças que atuavam numa mina do tamanho de 14
Maracanãs, de onde se extraía anualmente 8,5 milhões de minério de ferro, o que
garantia lucros bilionários. Eles não sabiam, porém, que a cerca de um
quilômetro de distância, uma montanha de 86 metros com 12 milhões de metros
cúbicos de rejeitos, o equivalente a 400 mil caminhões pipa, estava em situação
de risco. O rompimento da barragem, que poderia ser evitado segundo as
autoridades, se concretizou às 12h28 do dia 25 de janeiro de 2019 e se tornou a
maior tragédia humanitária do Brasil, com 270 mortos, inclusive duas grávidas,
e a contaminação de mais de 300 quilômetros do Rio Paraopeba, atingindo a
população de 26 cidades. A tragédia de Brumadinho gerou milhares de processos
judiciais, entre ações individuais e coletivas. Na esfera cível, o Ministério
Público, a Defensoria Pública, o governo de Minas e a Vale assinaram um Acordo
Judicial de Reparação Integral, em 2021, que prevê o pagamento de R$ 37,68
bilhões em 160 projetos na Bacia de Paraopeba, o que vai desde programas de
transferências de renda a monitoramentos ambientais e obras de segurança e
reconstrução. De acordo com a Vale, 68% do montante já foram executados. Já no
âmbito criminal, a denúncia começou a cargo do Ministério Público de Minas, mas
no ano passado o titular da ação virou o Ministério Público Federal, após três
anos de discussões. Os denunciados respondem por 270 homicídios qualificados,
crimes contra a fauna, a flora e crime de poluição.
25 janeiro 2024
Reginaldo Monteiro
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