Queixa frequente de pacientes, principalmente os que vivem
com miopia ou idosos, o aparecimento de pontos pretos na visão, apesar de
incômodo, é um problema sem maiores implicações. Isso é o que explica a
oftalmologista Aline Uzel. De acordo com ela, o uso excessivo de telas,
principalmente pós-pandemia da Covid-19, tem feito com haja um aumento
desenfreado da miopia e, consequentemente, uma maior incidência de pessoas
relatando sintomas típicos da condição óptica. "Pacientes que não eram
míopes desenvolveram essa condição, e isso vai de crianças a idosos, e também
há pacientes que eram míopes e o grau foi aumentado. Há ainda os pacientes que
eram hipermétropes e foram miopizados, ou seja, a hipermetropia deles diminuiu,
induzindo a miopia", explicou a especialista sobre o assunto. Ela sugere,
no entanto, que o aparecimento dos tais pontos pretos, não está relacionado
diretamente com a exposição. "Essa visão, que a gente chama de fotopsia, o
mais famoso 'mosca volante', pode acontecer independente do uso excessivo de
tela, é uma opacidade que dá no vítreo, um gel que a gente tem no olho que é
transparente". As pessoas idosas e míopes são justamente as mais
suscetíveis a sentir o incômodo. "Mas não há nenhum risco de causar
cegueira. Só é chato porque vai ter aquele pontinho passando", pontua
Uzel. A situação, considerando o nome popular, rende até boas risadas no
consultório. "Brinco com meus pacientes no consultório que infelizmente
não existe inseticida para o olho", disse. O fator emocional pode
interferir na própria percepção da pessoa sobre o aparecimento da "mosca
volante". "Se o paciente está mais estressado, mais agoniado, ele vai
perceber com mais frequência. Depois que ele acostuma, vai viver a vida dele",
finalizou.
(BN)
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