O homem que chefiava a Receita Federal quando o governo
Bolsonaro tentou fazer entrar ilegalmente no país joias de R$ 16,5 milhões para a
ex-primeira-dama Michelle foi indicado para um cargo em Paris
um dia após a investida. Julio Cesar Vieira Gomes, que comandava o Fisco na
ocasião, foi nomeado adido da Receita Federal na capital francesa em 30 de
dezembro de 2022, dia seguinte à ida de um auxiliar do presidente até o
Aeroporto de Guarulhos (SP) para recuperar as joias, que ali foram apreendidas
pelos fiscais por terem entrado no Brasil sem serem declaradas pelo portador -
um integrante de uma comitiva oficial do governo brasileiro à Arábia
Saudita. A nomeação foi assinada por Hamilton Mourão, o então
vice-presidente, e que estava em exercício da presidência, já que Bolsonaro já
estava nos Estados Unidos. O posto foi criado em 26 de dezembro e o despacho foi
publicado em seção extra do Diário Oficial da União no dia 30 de dezembro. No
mesmo despacho, Mourão nomeou como adido da Receita Federal nos Emirados Árabes
Unidos um outro auditor-fiscal suspeito de agir em favor dos interesses de
Bolsonaro: José de Assis Ferraz Neto, então subsecretário-geral da Receita que
teria pressionado o corregedor do órgão a não investigar a quebra de sigilo
fiscal de desafetos da família do ex-presidente da República.
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