“Aqui é legal de morar. Ninguém
vai mexer com vocês. É tranquilo.” A dica recebida pela Regiane
Cristina Albuquerque do Nascimento, a Cris, foi decisiva para que ela e o
marido se instalassem em uma travessa da Avenida Paulista,
uma das principais vias do país. Lonas, plásticos e mantas, sustentados por
madeiras, canos e bambus, passaram a formar, então, o que a guarulhense de 36
anos chama hoje de lar. A barraca de cerca de três metros de extensão e no
máximo um e meio de largura ganhou forma com colchões usados, cobertores,
objetos pessoais, itens de cozinha e de higiene. Ela está em situação de rua há
dois anos – metade deles instalada na calçada lateral do parque Prefeito Mário
Covas, na Paulista. Com o marido, já morou em alguns pontos do centro de São
Paulo, como o Largo São Bento e Anhangabaú. “Quem me indicou para ficar aqui
foram umas amigas trans que conheci na rua. Aqui era mais tranquilo, diferente
dos outros lugares em que fiquei”, comenta. Os números consolidados de 2022
apontam pelo menos 281.472 pessoas vivendo nas
ruas pelo país, o que representa uma
alta de 38% em relação a 2019, período pré-pandemia. O salto foi de 211% em uma década – em 2012, eram 90.480 pessoas
sem um teto no Brasil. Com a dificuldade de
consolidação de dados por parte do poder público, os números reais, no entanto,
podem ser ainda maiores.
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