O
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) associou, neste sábado, sem apresentar
evidências, a demarcação da Terra Indígena Yanomami e a crise humanitária pela
qual vivem seus habitantes a interesses estrangeiros. Ele também voltou a
repetir mentiras sobre a destruição da Amazônia. A declaração foi feita durante
uma palestra em uma igreja evangélica da Assembleia de Deus, a Church of All
Nations (“Igreja de Todas as Nações”, em tradução livre) em Boca Raton, na
Flórida, neste sábado. Ele discursou para uma plateia de cerca de mil pessoas,
de acordo com estimativa dos organizadores. No começo do discurso, ele disse
existir uma "tabela periódica embaixo da terra" da Reserva Yanomami,
referindo-se a riquezas minerais que deveriam, segundo ele, ser extraídas. E
afirmou que outros presidentes brasileiros demarcavam novas áreas de
preservação e terras indígenas quando voltavam de viagens internacionais — numa
insinuação de que interesses de outras nações estão por trás das iniciativas. “Se
não tivesse riqueza lá (em Roraima) não seria demarcada como terra indígena. Os
interesses são muitos. (Os roraimenses) São o povo mais pobre no solo mais rico
do mundo. Tentamos em 2021, com um projeto, libertá-los. Não conseguimos chegar
ao final, mas a semente foi plantada”, afirmou Bolsonaro, sem dar maiores
detalhes. Ao longo dos comentários sobre a questão
Yanomami, Bolsonaro não declarou em nenhum momento solidariedade ou apoio aos
indígenas, que vêm sofrendo com a fome, desnutrição, malária e proliferação de
verminoses nos últimos anos, com o avanço do garimpo que poluiu rios e
contaminou o solo.
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