Não deixa de ser irônico que Paulo Guedes tenha soltado um
"cala a boca, vai trabalhar" para Lula e o PT. Sem entrar no mérito
se os petistas falam muito ou não, mas a crítica vem exatamente do ministro
que, por falar pelos cotovelos, acabou dando bom dia para cavalo. Desta vez,
ele reclamava que o tema da fome no Brasil continua sendo citado na transição
de governo. "É válido para ganhar a eleição, mas para com essa conversa.
Já ganhou, cala a boca, vai trabalhar", afirmou, nesta sexta (18), em
evento no Ministério da Economia. Agora que o governo está caminhando para o
fim, vale uma breve retrospectiva de declarações desnecessárias de Paulo
Guedes, ocasiões em que ele poderia ter se calado e ido trabalhar.
- Pobres não poupam - Em 3 de novembro de 2019, em entrevista à Folha de S.Paulo, o ministro criticou pobres por não pouparem.
- Esposa do Macron - Em 5 de setembro de 2019, ele xingou gratuitamente a esposa do presidente da França. "O Macron falou que estão colocando fogo na Amazônia. O presidente devolveu, falou que a mulher do Macron é feia. O presidente falou a verdade, ela é feia mesmo.
- Novo AI-5 - Em 25 de novembro de 2019, ele insinuou, em uma coletiva de imprensa, um novo AI-5 em caso de protestos de rua da esquerda. "Não se assustem, então, se alguém pedir o AI-5."
- Parasitas - Em 7 de fevereiro de 2020, ele chamou os funcionários públicos de "parasitas" do orçamento nacional, em um evento no Rio de Janeiro.
- Domésticas na Disney - Em 12 de fevereiro de 2020, durante um evento, ele reclamou que trabalhadoras empregadas domésticas estavam indo à Disney, nos Estados Unidos.
- Pandemia barata - Em 13 de março de 2020, numa declaração à revista Veja, desdenhou a pandemia, dizendo que bastariam R$ 5 bilhões para acabar com o coronavírus.
- Longevidade cara - Em 27 de abril de 2021, Guedes reclamou, em reunião do Conselho de Saúde Suplementar, que o aumento da expectativa de vida dos brasileiros dificultava que o governo fechasse as contas.
- China inventou vírus - No mesmo encontro, afirmou que o "chinês inventou o vírus" da covid-19, sem apresentar provas, ecoando as teorias conspiratórias da extrema direita.
- Filho do porteiro - Em 29 de abril de 2021, em uma entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, reclamou que o governo ampliou demais o acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), bancando universitário que "não sabia ler nem escrever".
- Energia cara - Em 25 de agosto de 2021, ele perguntou "qual o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?"
- Vendendo praia - Em 28 de setembro deste ano, ele defendeu vender praias brasileiras para ricos estrangeiros.
- Roubamos menos - No mês passado, a poucos dias do segundo turno, durante uma entrevista ao G1, ele cometeu uma gafe. "Eu, se fosse o Bolsonaro, diria: tudo o que o Lula fizer, eu faço mais. Por quê? Porque nós roubamos menos", afirmou. Logo em seguida, percebendo o sincericídio, corrigiu-se: "Nós não roubamos". Tarde demais.
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